Rafael
me olhou como se eu o tivesse afrontado.
−
Sou considerado o melhor deste tempo e já protegi muitas vezes seus
antepassados. – Disse orgulhosamente. Coisa que eu não dava a mínima.
Me sentei na cama e bati na parte ao meu
lado para ele se sentar.
−
Quem tem que estar irritadinho aqui, este alguém sou eu. – Disse eu um pouco
irritada. Algo me dizia que ele não estava ali simplesmente por que teve uma
saudade sobrenatural ou por que estava tudo bem.
−
Você não esta aqui por que esta com saudades.
−
Não temos saudades. – Disse se referindo a sua espécie e tive que revirar os
olhos.
−
Oh sim, isso é para os fracos. Então me diga o motivo.
−
Você tem que esquecer o que esta tentando descobrir. Você esta mudando o
destino de outras pessoas..
Destino, pensei com um certo humor negro.
Que merda de destino é esse, e também... que destino é esse que me deram? Ficar
morta do outro lado com ceifadores? Esta certo ! até que é legal as coisas que
eles fazem , mas fazer isso por toda a eternidade? Não. Eu não. Levar almas
para o outro lado e ver as pessoas morrerem, oh desculpe, não nasci para isso.
−
Por que não posso mudar o destino dos outros se mudaram o meu? E eu sei que
você sabe alguma coisa. Então diga – Disse apontando um dedo acusador para ele.
Suas feições mudaram e ele estava visivelmente zangado.
−
Sou seu guardião! Você deveria confiar mais em mim..
Revirei meus olhos e ri.
−
Confiar? Em alguém que nem ao menos conheço?! Me poupe. Você poderia ser o
demônio em pessoa que eu não ficaria sabendo. Eu não confio em ninguém além de
mim. Desculpe.
Ele pensou um pouco e passou a mão pela
gola de sua camisa e tirou um colar com um pingente em forma oval com um brilho
que lembrava sol, um colar igual ao que eu tinha ganho dele.
−
Tem alguém que sei que você confiaria... – E antes que pudesse dizer algo uma
luz forte veio até nós e eu já não estava no quarto de Sebastian.
Eu deveria ter dito ao meu “Guardião” que
eu não suportava quando as pessoas ficavam me arrastando de um lado para outro
e principalmente me levando para lugares desconhecidos, porem infelizmente, os
homens que me cercavam não pareciam dar a mínima para isso. Fomos parar num
lugar lindo e montanhoso, o céu estava azul e pássaros cantavam. Tinha uma
cachoeira do qual prometi a mim mesma não chegar perto por motivos pessoais
logicamente e tudo era tão verde. A grama, as arvores e tinha muitas flores.
Queria saber que tipo de ilusão era essa.
Estava certo que o lugar era lindo, mas não daria para confiar muito, pois as
vezes a mente engana. Rafael se posicionou ao meu lado e sorriu para mim
orgulhoso como se tivesse feito a 9º maravilha do mundo e isso me fez querer
dar as costas para ele e ir embora, mas logo avistei uma pessoa muito
conhecida. Na verdade... era a pessoa mais importante para mim.
Uma cabeleira castanha e olhos verdes
esmeralda olharam para mim como se estivesse imaginando coisas, em seguida se
aproximou para ver se não estava ficando louco e por incrível que pareça, fiz o
mesmo.
−
Pai? – Disse olhando uma versão mais jovem do meu pai. Era impossível de não
reconhecer sua presença, acho que mesmo que tivesse minha cabeça dividida em duas, eu conseguiria
reconhece-lo.
Ele sorriu e me abraçou . Emocionada eu
devolvi o abraço e passei a mão em seus cabelos onde em vida ele não tinha. Era
uma sensação engraçada, era como se ele tivesse apenas tirado férias e feito um
implante. Com lagrimas nos olhos de ambos nos afastamos e depois de um momento
ele ficou chocado.
−
Como você pode estar aqui? E sua mãe? – Perguntou confuso e preocupado. De
repente ele arregalou os olhos. Uma mania conhecida quando ele estava nervoso.
– Você morreu ? Deus do céu! Eu deveria...deveria estar lá, proteger você! E
você... – Disse ele apontando um dedo acusador em Rafael e ele teve a mesma
reação que havia tido comigo, se achando injustiçado.
– Você disse que protegeria minha filha e que eu poderia ficar
em paz !
Rafael arregalou um pouco os olhos com a
atitude de meu pai, obviamente, ninguém tinha falado com ele assim antes.
−
Eu estou tentando protege-la , mas parece que você não conhece sua filha ! –
Disse ele como se me conhecesse a vida toda, o que poderia ser ou não verdade.
−
Não fiz nada de errado! – Me defendi . – Não é minha culpa se todo mundo esta
me escondendo algo... falando nisso, digam logo o que esta acontecendo.
Os dois se entreolharam mandando informações
com os olhos e percebi o que era. Eles estavam perguntando entre si se eles
poderiam ou não me contar. Eles optaram por contar.
−
Tem algo errado do outro lado e queremos você fora. – Rafael disse e eu poderia
ter rido na cara deles com essa informação inútil.
−
Não estou me metendo em nada do outro lado ! Só fui dar uma voltinha inocente
... – Disse, mas não surgiu efeito. Rafael me olhava como se já soubesse que eu
estava mentindo e fazia questão de me ver mentir mais para prolongar minha
vergonha.
−
Conheço você desde que nasceu, sei que tem algo a mais ai.
Estava cansada e queria ir embora nem que desse de cara com Sebastian. Eles não iam me dar a informação que eu precisava e
tudo que queriam fazer era olhar um para o outro e dizer o quanto eu gostava de
me meter nas coisas dos outros, mesmo não sabendo se eu estava ou não.
−
Me diga logo a coisa que quer me dizer e me deixe a sós com meu pai.
Rafael olhou para meu pai e disse:
−
Melhor vocês se falarem. – E saiu de cena me deixando a sós sem outra
explicação.
Meu pai pegou minha mão e me levou para um
passeio e paramos num canteiro rodeado por flores. Eu avistei umas margaritas e
agarrei algumas me lembrando de algumas coisas desagradáveis.
−
Enterraram você rodeado de margaridas...
– Disse ao meu pai lembrando de sua imagem no caixão com seu corpo deitado
sobre minhas flores preferidas. E mesmo com ele ao meu lado, tinha vontade de
chorar.
−
Eu estava lá. – Disse me abraçando enquanto eu chorava em seus braços. Estava
triste por que ele tinha morrido, e mesmo ele estando ali... era algo estranho.
Como um sonho que parece realidade e você não quer acordar, mas sempre acorda
na melhor parte.
−
Eu queria ter te desejado boa noite, ter te dado pelo menos um abraço ou dizer
eu te amo antes de você morrer, mas não fiz e fico pensando nisso todos os
dias... – Ele olhou para mim tentando me acalmar.
−
Eu sei. Também morri sem conseguir dizer nada ou me despedir de vocês , mas
olha. Estamos aqui, juntos e ... Preciso que você fique forte.
−
Forte? – Perguntei. Ele confirmou com a cabeça e me deu um beijo na testa.
−
Fique forte, não confie em ninguém de fora e tudo vai voltar ao normal. Mas não
tente descobrir coisas demais filha, tem coisas que são melhores enterradas e
esquecidas.
Eu concordei mesmo sem saber do que ele
estava falando e logo Rafael voltou e me
despedi de meu pai. Quando Rafael e eu estávamos longe das vistas de meu pai eu
disse.
−
Não sei o que vocês querem que eu deixe quieto. – Disse agarrando o braço dele
com o meu. –Eu não fiz nada de errado, só quero saber o por que vim parar aqui. – Ele não ligou de estar agarrado comigo e
continuou.
−
Na hora certa você vai saber, só quero que lembre. Use o colar que te dei. Ele
protege você, deixa você forte e sei que você não o esta usando.
Abaixei a cabeça envergonhada. Eu não tive
tempo de usa-lo ainda e não sabia por onde começar.
−
Usarei da próxima vez.
−
Não deixe ninguém ver e tome cuidado. Não posso te proteger como gostaria com você
deste lado.
Eu entendia o que ele queria dizer. Ele
conseguiria me proteger mais se eu tivesse do lado dos vivos. Anjos protegem os
vivos não os mortos.
−
Vou me cuidar, mas preciso que você me diga de que ou de quem.
−
Quanto você menos saber melhor. Só sei que tudo vai dar certo e que você pode
proporcionar isso. Um final feliz para todos.
Seu olhar era tão intenso que quase podia me
sentir um pouco apaixonada por ele. Talvez por que pessoas fortes e misteriosas
davam um certo charme em nossas vidas, mas isso era errado. Ficar atraída por
anjos é errado! Disse a mim mesma, mas era difícil quando seu anjo da guarda
fica todo misterioso dizendo que só você pode dar um final feliz. E que ele
gostaria de te proteger mais , mas não podia.
−
Vou dar o meu melhor. – Prometi e ele repetiu o movimento de meu pai e me
beijou na testa.
−
Pense numa boa desculpa.
Antes de perguntar o que ele queria dizer com
isso eu acabei descobrindo isso por conta própria. Quando voltei para o quarto
de Sebastian do mesmo jeito que tinha saído de lá, Sebastian estava me
esperando com a expressão seria e com seus olhos em modo Ceifador. Olhos
brancos e poderosos olhando para mim.
−
Onde você estava? – Ele perguntou e desejei ter uma desculpa rápida, bem rápida.
Ameeeeeeeeeeeeeeeiiiiii *-------------*
ResponderExcluirtambem amei muito
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