A Maldição dos Wolf - 4º Capítulo


                              
                                     
   Acordei depois com uma dor de cabeça enorme e sentindo um cheiro estranho, levou um certo tempo para meus olhos se ajustarem a escuridão e poder ver que eu estava de volta na masmorra. Atada com as mãos sobre minha cabeça fazendo com que meu corpo ficasse desconfortável. Lamentava dizer que não era minha primeira vez, a única diferença era que dessa vez meu corpo tinha sido batido e arrastado por uma casa amaldiçoada e da primeira vez, não. 
  − Ah cara me tira daqui ! – Choraminguei.
     Estava com medo ,mas não da besta e sim por que estava ficando difícil de respirar. Minhas costelas doíam e estava difícil de respirar, além do mais , se ele quisesse fazer alguma coisa já teria feito.
− Eu não posso... – Ele resmungou junto a um rugido. – Você vai tentar fugir.
    Revirei meus olhos quase chorando e não sou do tipo que chora na frente dos outros, principalmente na frente de uma coisa. Olhei na escuridão ainda difícil de enxergar alguma coisa e lá no fundo de um corredor havia uma silhueta negra de algo se movimentando, inquieto.
 − Não com...sigo respi...rar – Disse arfando enquanto meu corpo virava uma gelatina. Quase podia sentir minhas mãos escorregando das algemas, mas quando prestei atenção e ajeitei o corpo percebi que minhas mãos estavam dormentes, provavelmente roxas por falta da circulação. – Por... Favor... – Implorei e por milagre ele veio.
    Senti suas mãos peludas sobre as minhas e o cheiro selvagem em minhas narinas, mas nada me importava. Tudo era dor. Quando ele me levou em seus braços em meio a escuridão era como uma tortura, se ele tivesse apenas me deixado lá seria melhor. Talvez se meu corpo estivesse encolhido num canto, imóvel ,fosse melhor. A cada movimento meu corpo inteiro, minhas costelas, minhas mãos e minha cabeça doíam o dobro do que estavam antes. Gemi baixinho enquanto me encolhia naqueles braços. Era como estar sendo carregada por um urso gigante, peludo e quente. Pensei em chorar mais isso estava fora dos planos, pois isso só ajudaria a piorar minha dor de cabeça.
 − Você é um urso? – Perguntei antes de uma dor nas minhas costas cutucar bem em minha espinha. Cara, aquilo doía como o inferno!.
 Ele parecia ter sorrido.
− Não me pareço com um. – Foi só o que ele disse. Talvez ele tivesse se sentido ofendido... Não dava para saber sem olhar em seu rosto, não que eu quisesse olhar. Tem coisas na nossas vidas que é melhor não saber.
    Depois de várias “ Vira aqui e ali” ele me colocou em algo macio. Eu queria desejar poder dormir, mas o tanto de vezes com que bati a cabeça era melhor não arriscar .  Não fazia muito tempo que havia anoitecido, então levaria horas até o sol amanhecer. E Eu aqui sem saber o que fazer. Talvez eu pudesse fugir enquanto ele dormia. Todos tem que dormir uma hora ou outra... Se não agora. Talvez quando amanhecesse , seria muito mais seguro uma vez que você pode ver se algo estava em seu encalço ou não.
    Depois de alguns minutos ou horas meu corpo começou a relaxar e estava tão cansada, com dor que acabei dormindo. Sabendo que se eu tinha chances de sair dali tinha acabado de fugir das minhas mãos.
                                                                          *****
  − Eu quero saber onde esta minha filha ! – Gritei na cara de Helena enquanto ela me olhava como se eu fosse o diabo em pessoa e fosse comer sua cabeça. O pai dela me olhou como se eu fosse o louco, mas quem dera. Minha filha sai para procurar a amiga que dorme na casa dos outros e ela que esta desaparecida agora ! Que infernos ! Ela havia prometido telefonar para avisar qualquer coisa e agora nem o celular atendia. – Onde ela está? Infernos! Vai ficar olhando para mim assim?! Sua... – Mas antes que pudesse terminar minha esposa tinha entrado no meio.
−Deixa ela se acalmar – Disse olhando para a garota que parecia ter fugido de uma besta demoníaca. Branca como um papel, de olhos esbugalhados e roupas amarrotadas. Com certeza esta chapada! E minha filha andando com essas ... eu não conseguia pensar direito e ser educado naquele momento era demais para mim . Destiny nunca foi desses tipos de garotas que não ligam para ninguém, ela sempre ligava, sempre voltava para casa antes de anoitecer e sempre dava um resumo detalhado de onde estava.  Como pode simplesmente ter desaparecido? E a única pessoa que a tinha visto se recusava a dizer onde ela estava!
    O pai de Helena a abraçou e tentou persuadi-la a dizer alguma coisa e tudo que ela fazia era chorar e dizer coisas sem sentido.
− Ela esta lá ! Aquela.... aquela coisa... ela não saiu! Todo mundo saiu menos ela! Oh Deus! – Disse chorando de novo até soluçar .
    − Que coisa? Onde? Infernos !!!!!!!! – Disse gritando e levando minhas mãos aos céus.
    Peguei o telefone e disquei para minha filha. Um toque familiar soou e meu coração quase sofreu um enfarte. Era o toque do celular dela! Olhei para os lados cheio de esperanças junto a minha esposa só para nossos olhos pousar na mão da infeliz. O celular de Destiny estava nas mãos dela.
      Helena olhou para o celular e começou a chorar novamente de um jeito, se possível, mais escandaloso.
    Destiny não só estava sozinha num lugar desconhecido, como sem modo de pedir ajuda e  única pessoa que poderia ajuda-la não parava de chorar e ainda por cima, estava com seu único meio de pedir ajuda.
                                                                    *******
      Depois de um tempo gemendo ela finalmente pegou no sono e fiquei sentado no chão enquanto a olhava. Seus cabelos eram longos e castanhos escuros com mechas de um tom mais claro, pele levemente bronzeada que dizia que ela passava mais tempo ao ar livre do que dentro de casa e usava roupas estranhas. Uma saia curta demais, uma blusa ousada demais, pelo menos para mim, já que no meu tempo as mulheres eram acostumadas a cobrir todas as partes do corpo e só deixavam a mostra somente o necessário, mas não dava para negar que era a mulher mais linda que já vira. Provavelmente ao acordar acabasse por jogar os moveis em mim, não que eu a culpasse, afinal, a algemei, a mordi e quase a matei de medo, não exatamente nessa ordem.
       Passei a mão pelos meus cabelos/pêlos  que já haviam crescido novamente, as vezes era horrível ter todo aquele volume pelo corpo, as vezes eu nem sequer me importava, mas era diferente agora. Havia alguém que prometeu ficar comigo por livre e espontânea vontade  e isso quer dizer que ela automaticamente se incluiu na maldição, ou seja, ela ficaria aqui querendo ou não até a maldição acabar e teríamos muito tempo para isso. Uma vez que ela se incluiu não envelhecerá e nem poderá sair da mansão. “ELA” não vai deixar . Ela criou uma maldição tão bem elaborada que nem mesmo eu encontraria um jeito de sair, mesmo passando séculos sozinho e pensando, nunca encontrei um jeito de sair dessa. Agora é diferente... minha mente lembrou. As outras mulheres podiam fugir, mas essa não. As outras não tinham um compromisso comigo, uma promessa, então poderiam sair.... se conseguissem passar por mim, obviamente. Tinha algemado a moça dizendo que poderia fugir para evitar um escândalo, gritos e xingamentos que me fariam assustá-la mais. Já  era difícil controlar meu corpo, minha parte animal a noite e seria mais difícil de se controlar tendo alguém gritando e te chamando de monstro . Achei que com essas estórias de atualmente seria mais fácil quebrar a maldição, afinal, todas essas estórias em livros tinha um cara descente e orgulhoso que acabava por ser alguma criatura e as mulheres sempre acabavam o amando e até se metendo onde não deviam por eles. Pura enganação, bastou por a minha cara para fora para ter uma moça gritando e esperneando por ai . As vezes achei engraçado pois na estórias, as moças sempre achavam algo que as evitava de gritar, como uma atração ou compreensão invisível que as fazia sentir algo pelo monstro como se estivessem interligados , mas depois vi que era tudo uma grande bobagem, tudo uma grande merda que me deixava irritado. Ninguém escrevia do jeito que era realmente, faziam parecer tudo fácil e perfeito quase divino.
        Olhei na escuridão com meus olhos de animal vendo cada maldito detalhe daquele quarto, meu quarto. Olhei minha cama com uma mulher deitada nela e a cena me pareceu surreal, estranha, Como se tivesse bebido algo que me deu alucinações. Quando ela acordasse ia ser mais um pedaço do inferno para mim. Me odiaria por ficar presa aqui com algo desprezível  como eu, longe de suas coisas, amigos e família. Tudo para salvar aquela garota irritante. Helena certo? Tentei me lembrar das palavras da moça que dormia em minha cama. Helena era a garota magrela e irritante que havia pego entrando escondido em minha casa. Desde o momento que ela havia entrado ,tinha deixado as outras mulheres mais irritantes do que nunca, elas choravam ,gritavam e ela as deixava mais nervosas do que um dia sequer imaginei que uma mulher poderia ficar. Até havia pensado que era a bruxa disfarçada só para me atormentar mais um pouco, ai.... ela chegou. Chutando o portão para mostrar sua presença e bisbilhotando minhas propriedades, até o cemitério da família Wolf! E me comparou com um ser agressivo como um urso !
       O amanhecer não demoraria e tinha que encontrar um jeito ou alguma coisa que me pudesse servir de proteção, algo do qual pudesse esconder meu rosto horrendo. Antigamente, quer dizer... décadas e séculos atrás eu ERA o homem mais disputado de minha época. Damas da sociedade e outras que não eram, rastejavam a meus pés tentando achar uma brecha para chamar minha atenção, tentar me seduzir para levar meu sobrenome e meu herdeiro, mas de nada adiantou . Sempre acontecia o contrario. Elas eram seduzidas e ficavam aos nervos quando não as pedia em casamento ou voltava para vê-las no dia seguinte, mas naquele tempo tinha o casamento arranjado . Ahhh o pior inferno que podia acontecer em minha família. Havia uma mulher que finalmente conseguiu me ver de joelhos, numa situação humilhante, mas não foi assim que ela queria me ver. Ela quis me castigar por não tê-la escolhido e conseguiu, mesmo fazendo tudo que ela quis....me deixou assim...Marcado, amaldiçoado, num destino cruel do qual passaria o resto de meu dias sozinho e despertando sentimentos mais horríveis que a humanidade poderia sentir. Nojo, medo, repulsa .
         Fui a sala de jantar e em cima da lareira peguei uma mascara que usávamos nos bailes formais de minha época. Minha mãe adorava dar festas... e por minha culpa ela acabou.... virando apenas um objeto inanimado . A máscara é masculina , sem enfeites e de um tom negro avermelhado que só daria para perceber contra a luz e seria perfeita para esconder o rosto, já que ela cobriria quase todo o rosto , apenas deixando os lábios a mostra. Talvez assim... na luz do amanhecer, eu não parecesse tão ameaçador quanto sou a noite, mas teria que esperar o sol nascer para que voltasse a minha forma “quase” normal. Depois disso voltei ao quarto e fiquei naquela posição de cachorro sem dono, olhando para a garota e fiquei pensando... O que ela pensaria se acordasse e visse uma figura horrorosa , curvada e cheia de pêlos  por todo o corpo a olhando enquanto dormia?! Provavelmente acabaria vindo a falência por medo. Então tomei uma decisão , quando ela estivesse desperta já não estaria naquele aposento e colocaria a mascara para que ela não visse meu rosto .

Um comentário

  1. boa noite minha cara amiga !! eu peguei o seu banner !! até mais beijos !!!http://bettowertcontosefatosdeterror.blogspot.com.br/

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