
13 Capitulo:
A
adaga até que era bonitinha, tinha pedra antigas em sua base e até mesmo uma
pedra negra maior localizada no meio da lamina, porem ficava assustadora cada
vez que Miah mexia ela para cima e para baixo para ver onde ela ia cortar.
−
Não precisa ter pressa. – Eu disse com a bílis subindo.
Talvez eu devesse fazer a pergunta que
qualquer um faria em meu lugar... – Mortos tem sangue...? quer dizer... você é
só espirito então não tem circulação ou...outras coisas.
Miah deu de ombros.
−
Na verdade desde lado somos normais, mesmo mortas. Por que aqui é nosso...como
posso te explicar... – Ela fez uma pausa e depois suspirou. – Foda-se, Bem é
assim. Espíritos embora pareça impossível podem ser mais humanos (vivo) do que
um vivo de verdade. Vivemos sem medo por que sabemos que não vamos morrer e
você deve saber bem que Sebastian não ia tentar algo com você se a coisa dentro
de sua calça não funcionasse, então, sim. Eu tenho corrente sanguínea, por que
desde lado é como se estivesse viva.
A explicação podia ser boa, ótima, mas não
faria meu corpo se acalmar pois aquilo para mim não era normal.
Ela se pôs em minha frente e disse um seja
rápida e cortou seu braço, sim , o braço não o pulso como eu estava pensando.
Eu tomei as gotas que caiam e sim, foi nojento. O gosto era horrível e
terrivelmente forte e expeço, eu sabia que sangue de uma pessoa normal não
podia ser assim já que mesmo que eu não gostasse de admitir, eu havia visto
sangue demais e maioria das vezes o sangue era o meu. Eu nunca sofri um
atentado ou algo do tipo , mas por ter pernas longas e ser meio desajeitada eu
sempre caía ou tropeçava em algo, ou simplesmente um de meus amigos chatos me
fazia cair por achar minha fraqueza engraçada. Depois de tomar e o sangue parar
e o corte se fechar( eu tinha que aprender a fazer isso) foi a minha vez. Para
tomar mais coragem eu cortei rapidamente e dei para ela , no começo não deu
para sentir dor, mas quando sua língua tocou o braço a ferida ardeu como o
inferno e tive que morder o lábio.
Miah parou depois de um tempo mas o meu
sangue continuava a cair e cair até formar uma poça de sangue.
− Eu vou morrer ! − Eu disse quase num sussurro pelo choque. Ela
balançou a cabeça e tentou me acalmar.
− Você já morreu ! Aqui ó – Ela disse pegando meu braço e
tirando um pano de seu bolso traseiro e o enrolando em volta do meu braço e
depois deu um nó. – Você precisa se acalmar para parar o fluxo, ok?!
Eu fiz o que ela disse e comecei a prestar
atenção na minha respiração enquanto ela dizia umas palavras estranhas. Miah e
eu fomos cercadas por uma névoa vermelha, uma brisa vinha dela e se transformou
num vento violento fazendo a porta e as janelas baterem violentamente. Se eu
não tivesse controlando minha respiração e sentindo vontade de desmaiar eu
poderia ter gritado, mas não o fiz para o bem do meu futuro status de
ceifadora. ( Caso conseguisse virar uma ).
E depois uma marca de uma arvore seca de
coloração roxa apareceu em seu pescoço. Com seu galhos formando um circulo
perfeito e com um tronco fino quase em sua nuca.
−
Cresceu uma coisa bem ai no pescoço – Disse apontando em sua direção. – Isso é
normal? Faz alguma coisa?. – Perguntei inquieta me mexendo no assento, logo
depois percebi que com minha distração o ferimento em meu braço já estava
totalmente curado.
Miah abriu a boca para responder ,mas a
interrompi com meus devaneios.
−
Olha aqui ! Esta limpinho !.
Miah sorriu para mim como se eu fosse sua irmãzinha irritante
a enchendo de perguntas.
−
Sim. É Ceifadores são frios e fortes,
então é suposto que deixem outros com medo e não se machuquem ... – Ela esboçou
um sorriso e imaginei que talvez todos os Ceifadores fossem assim , pareciam
saber demais e achar isso normal. Eu esperava ser assim um dia... – E
respondendo sua pergunta essa arvore cresce com poder... então se fizermos um
feitiço juntas ela vai crescer nas duas e literalmente brilhar.
Dei de ombros e tentei parecer na minha e
fiquei pensando por um tempo nas perguntas certas que eu precisava fazer sem
parecer suspeita, então nada do tipo: Lembra quando morri? Então... eu fui
morta e acho que foi um ceifador... não foi você né ?! Ou Mike...ou
Sebastian... , Tentei afastar esses pensamentos. Ia ser castigo demais não
poder confiar em alguém sequer, não conversar ... e ser normal, mas por
enquanto eu ia fazer igual meu pai sempre me dizia: − Eu confio desconfiando .
– Aquelas palavras eram contraditórias antes, mas agora era um mantra que eu
precisava seguir sem meter minha sanidade mental. E eu precisava achar meu
corpo para ninguém pegá-lo ou tentar coisas...
−
Miah eu quero perguntar se dá para ir ao mundo dos vivos...
No começo ela já foi balanço a cabeça
sabendo que aquilo provavelmente daria em encrenca entre ela e Sebastian,
−
Não acho que o... bem ele não vai gostar se eu ficar te levando por ai, eu sei
que você tem um ex, e ele vai me matar. De Novo.
− Eu não vou ver meu ex. – Garanti, a não ser
que ele soubesse onde meu corpo estava... – Eu quero ... – Precisava de
desculpas rápidas, − Fazer compras , hmmm para... você sabe , um dia especial a
dois.
Ela sorriu e apontou para mim.
−
Há ! Eu sabia, garota você não perde tempo.
Miah me pegou pela mão e saímos correndo até
a sala do espelho.
−
Vamos ficar lá por duas horas que é o máximo que Mike me deixa ficar lá e
voltamos. – Ela olhou seriamente para mim. – Isso é segredo de mulher. –
Concordei com a cabeça e entramos na luz ofuscante do portal.
A cegueira pela luz não me afetava igual a
antes e fiquei feliz por isso. Eu não sabia onde estava , mas havia muitas
pessoas e barracas em meio a lojas e sentia cheiro de uvas e massa assada no
ar.
−
Festa italiana da sua cidade, achei que ia ser mais fácil achar alguma coisa
num lugar que você conhece.
Agradeci e seguimos entre as barracas onde
Miah comprou algumas coisas para comer do qual eu não sabia o nome, mas mesmo
assim comi feliz em meio a tantas pessoas. Fazia muito tempo que eu não via
tantas pessoas, cheiros e rostos e nunca me senti tão feliz na minha vida em
ver desconhecidos como naquele dia. Mas minha cabeça me lembrou que eu não
estava ali para passear e sim achar meu corpo !
Puxei Miah pelo braço seguindo em frente e
depois virei a esquerda onde tinha lojas de roupas intimas. Por sorte reconheci
o lugar e sabia que o cemitério onde meus entes queridos estavam enterrados e
com certeza onde meu corpo estava , estava perto e se eu a despistasse poderia correr direto para lá e em quinze
minutos estaria de volta e ninguém perceberia minha ausência.
Entrei na loja sorrindo para a atendente e
pedi algumas dicas e ela foi entregando montes e montes de roupas para Miah que
parecia uma estilista de moda muito rica . Miah pegou um conjunto de renda com
um corpete e meia da mesma cor, vermelha.
−
Olha só ele vai revirar os olhos quando vir esse aqui. – Ela disse rindo
achando o pensamento divertido. Mas provavelmente ele fosse chegar cansado, se
é que dava para cansá-lo. Na verdade a única que parecia se cansar na verdade
era eu.
Revirei meus olhos e sorri.
−
Eu vou ver se acho um chicote então. – Eu disse brincando para sair de fininho.
Sai pelo outro lado da loja e corri como se a morte estivesse em meu encalço e
quase me choquei com uma idosa, mas felizmente não aconteceu , porém fui
chamada de algumas coisas que não eram legais.
Quando cheguei no cemitério da “ Paz” fui
para o lado norte bem ao fundo onde uma cripta era destinada somente aos meus
parentes e comecei a olhar os nomes, um tio , um avo , meu pai ...Olhar somente
o nome dele me dava um aperto no peito. Desviei o olhar e procurei mais e olhei
novamente, e de novo e de novo e nada. Eu não estava ali.
−
Mas que? – Eu disse sabendo que não tinha outro lugar que meu corpo pudesse
estar. Ao menos... Desviei meu pensamentos , mas já era tarde. O pensamento que
eu poderia estar viva estava entalhado no meu ser e só tinha uma pessoa que de
certo – fora minha mãe ( já que não dava para ir atrás dela, pois minha casa
ficava longe) que saberia onde me encontrar.
Johnny!
Voltei correndo e Miah já tinha separado
uma montanha de roupas intimas para mim e só queria saber quem ia pagar por
tudo aquilo ? Agora pensando nisso eu não sabia o que fazer. Estava morta e
logicamente sem dinheiro.
Miah e a moça que estava com ela olharam
para mim.
−
Não temos chicotes. – Ela disse e quase perguntei do que ela estava falando até
me lembrar do por que do assunto.
−
Que pena, eu preciso de um.
A mulher olhou para Miah e ela sorriu.
−
Vou levar esses de presente já que quero por favor que o relacionamento deles
de certo ! Afff Sebastian era muito mais ruim e sem paciência antes de você
chegar.
A mulher levou as coisas e depois de um
tempo voltou cheias de sacolas delicadas com lacinhos no topo.
−
Voltem sempre e boa sorte com seu relacionamento. – Ela disse me surpreendendo
e a parte ruim era que eu realmente estava precisando.
Saímos da loja e Miah estava mais animada com minha noite romântica do eu.
−
Você vai ter que me contar tudo e me dizer se ele é muito dominador, pois ele é
muito mandão. Manda em Mike o tempo todo e essa é uma duvida que quero tirar.
− Eu também quero saber isso. – Menti. Na
verdade eu sentia um frio na barriga só de pensar em ficar nua perto dele. Eu
não sabia fazer nada e era tímida demais... e a sacola de roupas intimas era
como chumbo em minhas mãos. Só Deus sabe o que ia acontecer caso Sebastian
chegasse e me visse com essas coisas, mal sabe ele que minha intenção era só e
unicamente encontrar meu corpo e não dá-lo de presente para ele.
Estávamos quase no lugar exato onde
tínhamos chegado e me distrai um instante com uma cabeça. Uma cabeça que eu
reconheceria em qualquer lugar. Johnny! Deus atendeu minhas preses !
Peguei Miah pelo braço quase desmaiando de
felicidade e sem ela saber acabamos seguindo Johnny até uma barraca de pastel.
−
Tudo isso é vontade? ! – Ela disse não se queixando e sim rindo. Ela comprou
dois pasteis sem mesmo eu ter dito uma palavra e silenciosamente pensei que
seria amiga dela para o resto da minha existência, pois Miah não tinha ideia de
como era importante para mim ela ser exatamente do jeito que ela é. E quanto
menos ela souber, melhor.
Johnny começou a comer, mas sem vontade. Ele
estava com olheiras e parecia como se não dormisse a dias se não mais tempo e
parecia abatido. Marcus um de nossos colegas da escola e amigo dele apareceu
por trás e fiquei tentando ouvir a conversa dos dois enquanto Miah e eu
comíamos .
−
Eu estava com saudades disso, − Miah disse se referindo ao nosso passeio.
−
Eu também . – Respondi. – Estava com saudades de ter amigos.
Fiquei olhando para meus dois conhecidos de
longe e ouvi um pedaço da conversa deles.
−
Você tem que parar de dormir no hospital cara, tem chances dela nunca acordar.,
você sabe...
Arregalei levemente os olhos e dei mais uma
mordiscada no pastel indesejado.
− Eu gosto de ficar lá, é como se ela fosse
acordar a qualquer momento e sorrir para mim...
Marcus colocou a mão em seu ombro o
confortando.
− Tente dormir na sua casa pelo menos. O
hospital Santa Lucia não vai sair de la´.
Santa Lucia pensei. Eu conhecia o hospital e
sabia onde ficava. Se eu soubesse quem Johnny iria ver, possivelmente uma hora
ele iria atrás de mim e eu podia desvendar esse mistério !
− Vamos indo que Mike deve estar de volta em
breve e isso é nosso segredo ! Ele não pode saber das nossas técnicas de
sedução. − Ela disse sorrindo e me
puxando.
Seja lá quem estava no hospital. Hoje Johnny
tinha escapado de mim, mas não da próxima, afinal, já sei onde ele se encontra
agora . No hospital Santa Lucia!
Miah me levou para um parque que ficava no
final da festa italiana onde estava cheio de crianças e pais e me perguntei se
um deles via o brilho fantasmagórico bem no meio de uma arvore, um brilho
parecido como o sol sendo refletido no espelho, só que no tamanho sobrenatural.
−
Isso é...
−
O portal.
Fechei um pouco os olhos e pude entrar nele,
logo quando senti a luz diminuir eu pude abri-los e ver que estávamos na sala
escura de novo com um espelho atrás de nós.
− Isso
foi legal − Eu disse aliviada e Miah
seguiu para a porta.
−
Guarde as coisas e faça uma surpresa
para aquele maluco, quem sabe ele não melhora mais o humor e deixa Mike um
pouquinho para mim também . − Ela disse
me dando uma piscadela e eu sorri indo ao quarto de Sebastian e escondendo os
pacotes debaixo da cama, já que duvidava muito que Sebastian ia ficar de bunda
para cima procurando coisas lá embaixo. Me senti renovada e cheia de expectativas
. Eu só precisava esperar mais uns dias e dizer a Miah que precisava de alguma
coisa e ir para o hospital e chegar até Johnny e tudo daria certo. Tudo daria
certo e eu poderia escolher depois de achar meu corpo ( que estava perto de ser
encontrado) e descobrir que me matou , o que devia estar longe de ser
descoberto já que ceifadores sempre estão repletos de sombras.
Suspirei para me acalmar e não senti que já
não estava sozinha.
−
Você estava no mundo dos vivos. − Rafael
disse. Meu anjo da guarda. – isso não é bom. Eu deveria ser quem cuidaria
de você .
−
Cara. – Eu comecei – Você faz um péssimo trabalho .


OPa...bem legal seu texto! Desejo muita sorte para você na promo do blog.
ResponderExcluirBeijos!
Paloma Viricio- Jornalismo na Alma