A Maldição dos Wolf - 12º Capítulo

                             
                                             
                                                                   12° Capitulo:
 Desci a montanha indo para a parte não amaldiçoada da cidade de The Wolf’s Hell e entrei no cartório sem nenhum tipo de problemas. A partir do momento em que entrei, avistei várias pessoas, mas logo que olharam para mim desviaram o olhar e fui ignorado.  Essa era a parte boa de ser amaldiçoado, poder entrar em qualquer lugar que ninguém lembraria do meu rosto ou de minha presença. Seria ignorado. Essa também era uma parte ruim, já que ninguém se lembrava de mim, ninguém ficaria interessado e eu não poderia quebrar a maldição. Até atualmente.

   Houve uma espécie de “furo” na teia amaldiçoada de Melina. O que parecia quase impossível, pelo menos para mim. Por isso tinha passado a sequestrar a maior quantidades de moças que eu pude, mas só uma ficou. Por vontade própria. Destiny.

  Isso ainda era uma espécie de mistério para mim, mas gosto de pensar que Deus deu um jeito de tudo dar certo no final. Porem... o sobrenome dela não me era estranho. Era como ter a faca e o queijo na mão, mas na hora você esquece o que ia fazer com eles. Parei de pensar um momento nisso para me focar em algo mais importante, afinal de contas não é todo dia que a besta de The Wolf        s Hell ia se casar. Por livre e espontânea vontade pelo menos.

    Fui até a parte dos fundos onde tinha os livros de registros, mas o desse mês não estava lá. Provavelmente alguém estava casando e assinando o livro. Então tentei ouvir com meus poderes e assim que peguei algo segui na mesma direção. Um casal jovem estava se casando e tive que esperar até o ultimo segundo, o que pareceu uma eternidade. Nunca fui do tipo que gostava muito de esperar. Quando terminaram e pude ver os procedimentos para se casar dessa época eu sequestrei o mestre de cerimonia. Para mim seria mais fácil se apenas tivesse o livro de registro, mas não seria oficial. Seria como falsificar no seu próprio casamento e Destiny merecia algo melhor do que isso, além do mais ele me esqueceria assim que pisasse fora da propriedade . Vendo por esse lado... Destiny tinha razão. A maldição até que tornava as coisas divertidas, eu só estava vendo o lado errado das coisas, somente a parte ruim. Pensando nisso mal pude conter o riso ao voltar para casa com o mestre de cerimonia.

  Ele me olhava como se eu fosse o diabo em pessoa.

─ Não me faça mal, por favor. ─ O homem velho, gordo e grisalho implorou. Eu estava tão feliz na minha bolha magica que não podia nem sequer imaginar em fazer outra coisa que não fosse sorrir. Se fosse há uns meses atrás eu estaria triste e ofendido.

  Eu toquei no ombro do homem e olhei fixamente para ele.

─ Só quero me casar senhor. Não vou lhe fazer mal, só quero minha esposa feliz.

  O homem meneou com a cabeça, mas não me parecia seguro. Eu podia sentir através do seu cheiro a desconfiança do pobre coitado, provavelmente pensava que eu fosse algum tipo de louco que comeria sua cabeça por diversão . E pensar que se fosse antigamente eu até pensaria na ideia. Não que eu fosse ruim, mas quando um homem tem uma besta demoníaca em seu corpo e ainda por cima ficam te atormentando e lhe chamando de monstro...as coisas ficam difíceis. É como aquele ditado: “ Não cutuque onça com vara curta.”

   Subimos o morro em silencio e eu ficava com a cabeça pensando o que Destiny diria quando visse que eu sequestrei o homem, então decidi dar umas palavras antes, caso contrario a mulher me arrancaria as bolas.

─ Não diga a minha mulher que obriguei você... ─ Comecei. ─ Além do mais... você não vai fazer de graça. Sei ser generoso quanto a dinheiro.

  Os olhos do homem abriram um pouco com surpresa e seus ombros relaxaram visivelmente com a palavra dinheiro e generoso na mesma frase, mas seu rosto mudou quando ele viu a mansão. Provavelmente por causa das lendas que a cidade ainda contava e pela qual era famosa. Repeti o mesmo gesto de antes, colocando minha mão sobre o ombro do homem e olhando-o. Para dar um pouco mais de força a persuasão eu mudei a cor dos olhos para vermelho e levei um dedo aos meus lábios como um pedido de silencio.

─ Nenhuma palavra para minha esposa que não seja sobre o casamento.

   Foda-se eu ia para o inferno mesmo. Mais uma coisa ruim na lista não ia me fazer falta.

   Alexander estava esperando na porta quando entramos e pude ver que o homem quase teve um AVC quando a porta se fechou e se trancou sozinha nos selando lá dentro.

─ Minha Nossa Senhora ! ─ Ele disse levando sua mão ao coração.

  Olhei para ele meio sem paciência e depois para Alexander.

─ E o vestido?

─ Ela já colocou. ─ Respondeu ele com um sorriso malicioso e feliz. ─ Você vai precisar controlar sua besta demoníaca para não rasgar o vestido no “altar”. ─ Disse ele dando ênfase no ALTAR, pois não era um altar. Era a sala de estar do qual mudamos alguns moveis e colocamos outros. Usados também na cerimonia de nossos pais. Diferente dos outros, nossos pais preferiram fazer a cerimonia no jardim e não na igreja. Aquele tempo isso não era tão comum. Eu até que tinha pensado nisso, mas o jardim já não estava bonito e cuidado como antigamente. E nem iria estar, a não ser que a maldição terminasse.

    Chamei o homem com um aceno e o levei até a sala principal e fiquei á postos. Olhei para Alexander e ele acenou percebendo que já estava na hora e foi atrás de Destiny sorrindo. Ele gostava dela. Não do mesmo jeito que eu ( espero pelo menos), mas gostava. E não podia culpa-lo, Destiny era como uma chuva no meio do deserto, oxigênio e vida numa terra morta e seca. Essencial, inesperada, surpreendente.

    O homem se posicionou a minha frente e seu corpo suava como se ele fosse um boneco de neve no meio do deserto do saara. Não era uma visão muito agradável, mas já era de se imaginar essa situação.

─ Você será bem recompensado. Já disse. ─ Falei novamente para ver se via novamente aquele brilho quando eu dizia a palavra magica. Dinheiro. Recompensa. Saber ser generoso.
O homem acenou concordando novamente e lá estava novamente os ombros relaxando. Eu não queria admitir, mas aquilo me irritava. No lugar dele estar feliz de casar um feliz casal , ele estava pensando no dinheiro!

  Suspirei cansado e altamente nervoso e acabei deixando minhas garras crescerem na mão direita. Se o cara viu ele não demonstrou, mas aquilo me deixou nervoso. Não daria para casar se eu virasse uma espécie de urso gigante! Ou daria? Destiny provavelmente sairia correndo... Eu correria atrás dela. Ela correria mais com medo de eu estar a perseguindo e isso daria em tragédia.

  Eu estava ficando ansioso e quase a ponto de ir atrás dela, quando Alexander apareceu ao meu lado e ela apareceu em minha frente, olhando para mim. Primeiramente só avistei seu rosto e ela chacoalhou a mão em frente aos meus olhos.

─ Estava falando com você! ─  Disse ela e pisquei duas vezes para ter certeza que não era imaginação.

   Olhei o vestido e não pude conter a emoção. O vestido que tinha pertencido as mulheres da minha família tinha servido perfeitamente em seu corpo. Como se tivesse sido feito para ela. Para esse momento. O vestido branco e delicado com detalhes finos e perolas , o caimento perfeito, os cabelos castanhos delas soltos. Eu não poderia imaginar ela mais bonita do que naquele vestido, embora mal esperava a hora de tirá-lo.

─  Você esta maravilhosa . ─ Ela sorriu e se enrubescer, mas voltou novamente a olhar para mim.

─ Perguntei como você trouxe o Sr. Monty para cá.

Ela entrelaçou seu braço ao meu e nos ajoelhamos em frente ao homem que ela chamou por Sr. Monty. Um nome ridículo e digno de pena.

─ Você o conhece? ─ Perguntei e ela revirou os olhos.

─ Ele estudou com meu pai, não mude de assunto.

   Depois ela começou a arrumar a parte de trás de seu vestido e Alexander teve que ajuda-la a puxar a calda para trás.

─ Não queria um casamento simbólico, então trouxe o senhor... ─ Disse olhando o homem fixamente e ele respondeu. ─ Edwin.

─ Edwin Monty para nos casar oficialmente. Ficou brava?

  Ela riu sonoramente e encarou ao meu irmão.

─ Oh Deus parece até ideia sua Alexander. ─ E era. Só não queria dizer isso em voz alta.

   Ela olhou para mim e segurou a minha mão discretamente que estava transformada.

─ Querido, se eu soubesse que ia fazer isso, teria dito para você ter trazido meus pais também .

   Olhei de canto de olho para Alexander e o vi rindo da situação. Estávamos distraídos até o Sr.Edwin soltar um pigarro para chamar nossa atenção.

─ Desculpe, mas estou com pressa. ─ Disse ele olhando em nossa volta. ─ Isso não estava nos planos. ─ Tentou se explicar.

   A cerimonia foi simples sem muita conversa e Edwin tentou tornar tudo o mais rápido e resumido o possível, nem ao menos deu brecha para falarmos nossos votos. Trocamos as alianças e logo tudo estava terminado.

─ Pode beijar a noiva. ─ Disse ele apressado. O sentimento que eu tinha era que se ele pudesse, ele faria a cerimonia no portão só para ir embora o amis rápido o possível.

  Destiny revirou os olhos discretamente e nos levantamos. Ela jogou um olhar torto ao homem e me beijou delicadamente, depois disso Alexander foi nos parabenizar.

  Edwin veio até mim e dei a ele uma pequena bolsa de couro com uma quantia boa demais para um serviço mal feito e de má vontade da parte dele para meu gosto, mas não podia ser muito exigente já que o tinha praticamente o sequestrado .

  Ele encarou a quantia e podia ver um sorriso dançando em seus lábios e que Deus me ajude eu queria arranca-lo de minha casa a mordidas e rosnados. Edwin pegou rapidamente o livro e pediu para que assinássemos nossos nomes e assim que fizemos ele partiu sem dizer adeus.
─ Antipático . ─ Destiny disse.

─ Mal educado. ─ Alexander.

 Em seguida Alexander riu e pulou em cima de nós.

─ Uma Wolf na família ! Destiny Wolf, soa bem não?! ─ Disse ele alegre e concordamos.

─ Eu não tinha pensado nisso, mas soa perfeito. ─ Disse ela segurando minha mão que agora estava normal. ─ Destiny D. Wolf.

 ─ Ficou lindo.

  Depois disso jantamos todos juntos e seguimos nosso caminho para nossos quartos, mas Destiny parecia nervosa por um momento.

─ Não precisa fazer nada se não quiser... ─ Comecei e ela me agarrou pelo braço;

─ Está brincando? Eu casei com você, não pense que vai fugir assim tão fácil. 
─  Disse e não pude deixar de rodear sua cintura e morder o lóbulo de sua orelha .

─ Nunca pensaria nisso.

 Estava pronto para perguntar o por que da sua preocupação quando ela disse.

─ Tem certeza que seu irmão não vai espiar?

   Fiz que sim com a cabeça, mesmo não tendo certeza. Alexander podia espionar que não daria para sentir sua presença a não ser pelo seu cheiro, mas se eu estivesse distraído, com certeza que eu estaria focado numa coisa só... ninguém veria ele espionando ou sentiria sua presença.

─ Ele não vai. Ficou acordado procurando seu vestido a madrugada inteira. Ele não vai aguentar ficar acordado. ─ Menti e ela relaxou.

   No caminho decidi mostrar a minha família, ou o que eles tinham se tornado a ela.

─  Quero te mostrar minha família...

Ela aceitou, mas não disse nada. Obviamente por que era um assunto difícil de ficar remexendo , mas que era preciso já que agora ela fazia parte disso também.

   A levei ao quarto que ela dormia desde que tinha chegado e abri uma porta escondida atrás de uma estante e mostrei. Ela entrou e olhou sem dizer nada, apenas observou e as vezes os encarava e olhava de perto como se tivesse algo diferente nos rostos deles. Eu me segurava para não ir atrás dela e fazer a mesma cara em frente as estatuas de mármores que antigamente costumavam ser minha família e conhecidos.

─ Por que a careta? ─ Perguntei intrigado e ela fez o mesmo movimento de antes.

 Olhou para mim e fez uma careta de leve torcendo o nariz rapidamente.

─ Pensei que estavam olhando para mim.

  Cheguei perto dela e olhei a primeira estatua. A de um homem muito parecido comigo, mas levemente envelhecido. Meu pai. Seus trajes ainda eram os de antigamente, mas não dava para reconhecer seus verdadeiros traços pois seu rosto tinha se petrificado enquanto ele gritava . Não era uma visão bonita, muito menos fácil de se encarar.
Houve um movimento e ambos o olhamos. Seus rosto virou em nossa direção e ele piscou para nós.

─ Ele piscou ! . ─ Disse ela antes de desmaiar em minha frente.

                                             



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