A Ceifadora - 10° Capítulo

           


     Quando acordei Sebastian estava sentado numa poltrona enorme de cor negra. Olhando para mim, diretamente para mim. Me senti desconfortavel com tanta atenção.

- É meu cabelo? - Perguntei levando a mão automaticamente para o topo da minha cabeça. Ele não parecia tão ruim ao toque, mas no olhar...quem sabe.

Ele estava pensativo e ainda olhava para mim. " O quê??? " Eu queria gritar. Minha vontade era sair daquele lugar para ele parar de me olhar sem dizer nada.

- Estava pensando. - Ele disse quase num sussurro abaixando a cabeça e olhando para seus sapatos. Mesmo em casa ele usava aquelas roupas negras e caras e isso me fazia pensar se Ceifadores tem
sálario, Deus não tem cara que daria dinheiro á alguém.

- Eu também. - disse a ele e isso o deixou interessado.

- O que você estava pensando? .

Me sentei na cama pronta para falar minhas bobagens diárias, mas quem pode me odiar? Se outra pessoa estivesse aqui estaria com todas as minhas dúvidas.

- Estava me perguntando por que você se veste tão bem para alguém que só vai pegar almas. - Na verdade essa não era a pergunta, a pergunta real era se ele ganhava uma espécie de sálario, mas me pareceu rude já que não o conheço a muito tempo.

Ele cruzou as pernas e sorriu. Um sorriso educado e não um sorriso de felicidade ou algo parecido.

- Sempre gostei de me vestir desse jeito e acho que você pode ver isso, não pode? . Você consegue me imaginar num Jeans rasgado e camiseta?

        Não. Eu não conseguia imaginar. Mas conseguia imaginá -lo em calças negras, botas e uma jaqueta negra de couro. Ele ficaria uma tentação, mas é melhor o modo formal assim posso controlar meus
hormonios. Por enquanto....

- Eu gosto assim. Era só curiosidade.

O ambiente do quarto estava estranho e o olhar de Sebastian que estava causando isso.

- Por que está me olhando tanto? E...Eu me sinto estranha. - Disse sem ter muita escolha. Na verdade, Sebastian causava muito isso.

Ele sorriu novamente, só que divertido.

- Era só para ver se estava tudo igual. - Ele respondeu me deixando confusa.

- Como assim?

- Como na primeira vez que te vi. - Respondeu vindo em minha direção. Quando o conheci? Quando o conheci? Eu o conheci? Antes de tudo? Tudo isso?

- Me conheceu antes de morrer? - Ele fez que sim com a cabeça.

- Você não vai lembrar, eu estava com outro rosto. - Disse dando uma risada. - Aquele dia foi ótimo. Comecei até ficar mais por perto para ver se aconteceria de novo. - Quer que lhe conte?

- Claro!

- Havia ceifado naquele dia e estava passando num parque quando quase caí sobre você. Você estava deitada em volta de uma monte de flores fofocando pra você mesma sobre algum livro e como você estava
brava com tal personagem. Por ter traído outro. - Ele gargalhou. - Eu não estava entendendo nada e até pensei que você estava me vendo quando você olhou para mim. Me olhou direto nos olhos e disse um
palavrão e fechou os olhos.

- Confesso que nunca fiquei tão confuso em minha vida. Queria saber o que estava pensando e se estava me vendo, então apareci para você ....

   Comecei a me lembrar daquele dia. Havia acabado de ler o sexto livro de Vampire Academy e ficado puta da vida com a Rose por maltratar o Adrian. Um homem maravilhoso e doidinho que conquistou
meu coração. Ele fez tudo pela Rose e ela o trocou pelo Dimitri. Eu gostava dele no começo, mas ele negava que a amava, a fazia sofrer e o Adrian cuidava dela ...depois levou um chute e foi trocado pelo
Russo musculoso. Quando terminei de ler estava puta da vida e ouvi um barulho. Levantei a cabeça olhando para a grama e a vi se mover, como se alguém estivesse em cima dela. Não havia vento naquele dia e estava
um calor dos infernos. Vi um movimento em minha frente como se um véu transparente estivesse ali. Você vê o movimento, mas não sabe o que fez ou o que era. Eu olhei por muito tempo até aceitar que o calor
estava me deixando alusinada e soltei um "porra " e voltei a deitar.

    Logo algo me tocou, era um garoto magro demais com óculo enormes que deixavam seus olhos saltados. Olhos verdes esmeralda.

- Você fica uma desgraça de óculos! gritei para ele fazendo ele rir mais.

- Nem mesmo acredito como fui tomar forma daquilo. Mas fiz você até ficar a vontade,... menos quando olhava para você. Quando fazia isso você me mandava parar. Por que fazia isso?

Seu rosto chegou perto do meu e pude sentir a brisa que vinha de seus pulmões.

- Timidez.

Sempre ficava sem graça quando alguém me encarava e ficava lá. ' Secando ' Eu desviava o olhar, mexia em meu celular e lá estava alguém me olhando. Quando era um cara bonito então. ... Nossa.
Aí complicava mais. Até minha voz sumia.

- Sinto muitas coisas quando olho para você. Não se sinta envergonhada quando faço isso, você é a única coisa que trás vida no meu mundo de mortos.

    Corei. Fiquei igual um pimentão e me senti como as mocinhas romanticas e bobas dos romances que eu lia. E que achava tudo muito fofo.

- Gosto de olhar você quando não está olhando. Gosto dos seus olhos. - Falei. Tentando perder um pouco de vergonha, inutilmente.

Ele passou a mão pelo próprio cabelo e soltou um suspiro aliviado.

- Não me importa que olhe, mas gostaria mais que olhasse enquanto olho você.

   Sentei sobre meus joelhos. Algo no fundo da minha mente dizia para sair dali por que Sebastian queria algo que eu não podia e não estava pronta para dar.

- Sebastian.. - Comecei, mas fui interrompida, de novo.

- Eu nunca me senti desse jeito antes. Quando conversei com você naquele dia, me senti diferente... me senti como se algo bom ainda ...estivesse aqui. Eu convivo com gente morta e maluca o tempo todo ,
você AINDA não sabe como é isso. - Ele fez questão de dar destaque no ainda. - Eu ... realmente gosto de você.

  Sua mão deslizou pelo meu rosto e outra envolveu minha cintura enquanto a voz na minha cabeça gritava sua chance de sair acabou e você é dele. Seus lábios foram aos meus antes que eu pudesse dizer '
eu também gosto de você, mas não posso fazer isso que você quer por que acho que você sabe o que aconteceu comigo e não posso tomar decisões precipitadas. ' Sua boca me calou e no inicio não liguei para
isso, só dei importancia quando suas mãos envolveram a parte de trás de meus joelhos e me puxou para o colo dele para se deitar sobre mim na cama.

  A mão ousada subiu pela minha coxa e aí estava! Sebastian queria sexo e eu não sabia como dizer um não.

- Divagar....eu nunca fiz isso. - Disse meio sem folego.

    Ele não pareceu como se fosse parar. Sebastian começou a beijar meu pescoço como quem diz ' calma, tudo vai ficar bem. Você vai gostar. ' Mas não estava. Eu queria desesperadamente que Mike
entrasse sem bater e nos pegasse em mais uma situação vergonhosa, para me polpar de correr para fora do quarto. Eu não sou maluca. Eu gosto dele, mas não estava pronta para isso. Não estava pronta para
nada a não ser descobrir qual maldita sombra me matou e quem sabia disso. Enquanto não descobrisse isso, não faria nada para protege -lo e a mim.

  Como se os anjos tivessem dito amém Mike entrou pela porta num sopetão e disse a coisa mais mais maravilhosa e horrivel ao mesmo tempo.

- Precisam de você agora. Problemas irmão, e dos grandes.

   O rosto de Mike poderia estar igual a um pimentão de vermelho, mas não estava. Porém sua vergonha por entrar e nos pegar daquele jeito faria qualquer um se sentir envergonhado. Eu não o
culpava. Na verdade, queria dar um abraço nele por passar vergonha por mim e me salvar de perder a virgindade do meu espirito.

Abaixei minhas pernas e me sentei como se nada estivesse acontecendo.

- É melhor você ir. Eu ainda vou estar aqui quando voltar.

    E por um milagre ele foi, mas não antes de sua feição ficar mortal e seus olhos mudarem de verdes para branco defunto.

- É bom que seja importante. - Ele disse saindo pela porta.

   Antes de Mike sair ele me deu uma piscadela sem jeito e balancei minha cabeça em agradecimento. Ele sabia. Seja lá o que ele sabia , ele sabia que Sebastian tinha que sair dali e perguntaria para
ele ...ou para Miah depois. Por enquanto...Eu ia pensar em algumas coisas ....





 
 

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