A Ceifadora - 7 Capítulo

 


Eu fui atrás da única pessoa que poderia me ajudar. Miah. Praticamente implorei a ela.

- Me ajuda vai! - disse entrando no quarto para ver Miah e Mike caindo na gargalhada.

Ela se levantou indo ao meu socorro.

- Ele não te ajudou? - ela perguntou levantando sua sombrancelha bem feita.

- Ele está .... - antes que eu pudesse terminar uma música do Capeta começou a tocar tão alto que as janelas e quadros começaram a tremer.

Eu sabia quem estava cantando e eles também pareciam conhecer.

- Marylin Manson. - dissemos em unissono.

- Ele deve estar puto da vida, ele sempre ouve esse tipo de música.

Puto. pensei divertida. Quem deveria estar puta da vida era EU. Onde já se viu? Eu fui peseguida, jogada no mato e afogada numa água nojenta com gosto de meia e quem fica puto é ele? Que " caca " é essa?

- Eu acho que vou vômitar . - disse a ela antes que algo tragico acontecesse.

Mike me encarou de cima à baixo e depois disse as palavras mágicas.

- Ela não parece bem. Ajude ela por favor antes que ela passe mal e Sebastian quebre mais uma porta. - disse revirando os olhos seguindo de um sorriso.

Miah me pegou pela mão rindo e me levou ao banheiro zero por zero. Mas ela não esqueceu de me lembrar antes de entrarmos no banheiro de meu cheiro.

- Você está cheirando meia de um morto que correu a maratona. - Ela disse gargalhando.

- Eu vou vômitar. - disse. Só que desta vez não era para ela acelerar em me ajudar, este era um aviso prévio.

Vendo minha cara Miah segurou meus cabelos, se é que eles podem ser chamados assim e me ajudou quando soltei tudo que eu não tinha comido.

- Preciso. banho. agora.

Ela colocou a mão em seus bolso e tirou uma folha de papel dobrada.

- Para as coisas funcionarem deste lado, você precisa usar a mente . Eu escrevi isso quando morri, mas sempre mudo alguma coisa. Sei que você gosta de ler, então não vai ser problema para você imaginar o que está escrito.

Quase desmaiei quando ela terminou a frase. Mais trabalho para mim? Ser ceifador é uma caca.

Peguei o papel sem discutir por causa do cansaço e me sentei no chão. Nessas alturas eu não queria discutir nada com ninguém, tudo que eu queria era dormir para o resto de minha vida. Se alguém dissesse agora para mim que me casaria com Sebastian eu faria que sim e ia dormir.

Abri o papel e vi as letras delicadas e chiquês. Algo que me deu uma invejinha boa de Miah, por que a minha letra era corrida como se sempre estivesse com pressa. Diria isso a ela assim que eu estivesse melhor. Vi Miah saindo e fechando a porta a minha frente.

Nele estava escrito :

" A manhã estava fresca e um banho morno era bem vindo junto com a beleza do lugar. A banheira estava enchendo com a água quente lentamente e não resisti em sentir o cheiro forte de morangos que vinha de meu shamppo......"

Não demorou muito para começar a ouvir sons de água junto com a música de Marylin Manson.

A banheira estava se enchendo e havia um vidro vermelho aos pés da banheira. Parei de ler o papel por que não havia mais necessidade dele . O coloquei em cima da pia e tirei a roupa entrando na banheira.

Tomei banho com muita vontade e me esfreguei até minha pele ficar vermelha e o cheiro ruim ser substituido por um cheiro bom de morango, levou um tempo para perceber que a banheira não tinha parado de encher e a água acabou ensopando o banheiro todo. Fiquei tão assustada que não consegui fazer a água parar e saí da banheira levando um escorregão. Para minha sorte ninguém tinha visto. Por fim consegui fazer a bendita parar depois de um tempão, mas descobri um problema pior. Roupas. E agora?

Decidi fazer o mesmo que o banho. Criar uma roupa com a mente. Tentei me imaginar vestida com alguma roupa que me pertencia. Uma calça jeans preta colada e uma blusa com alças finas de um tom vermelho e roupas intimas. Imaginei a sensação do tecido no corpo, cabendo perfeitame te em mim e ao a rir os olhos, lá estava.

Fiquei feliz por que era a primeira coisa que envolvia uma certa mágia que eu tinha feito, mas não contaria a Sebastian. Queria pegá -lo desprevinido.

Sequei o banheiro e saí indo em direção ao quarto de Sebastian. A música já tinha parado.
Quando entrei ele estava deitado na cama usando roupas chiquês de marca. Me surpreendi com seu bom gosto. Calças jeans escuras, sapatos pretos sociais e uma blusa negra com um colete por cima. Ele estava lindo.

Cheguei e deitei ao lado dele, mas não o olhei em seus olhos. Fiquei olhando para o teto.

- Você está cheirando melhor. - Comentou.

- Não graças à você. Me deixou sozinha lá. - Falei em um tom neutro.

Ele não pediu desculpas.

- Você se virou bem.

Olhei para ele desacreditada. Ele não ia pedir desculpas.

- Você gosta de mim como Sebastian? - perguntei pensativa.

Eu não era burra. Não podia ter o Johnny e queria que ele arrumasse uma namorada legal, embora ele passar a vida me esperando soasse romântico e fofo, parecia muito solitario e ruim para alguém como Johnny passar. Ele merecia ser feliz. Nem que para nós dois ficarmos felizes eu tivesse que dar uma chance a Sebastian.

Ele não é mal. Só orgulhoso demais. Irritante. Mas isso faz com que ele me destraia e me faça esquecer de algumas coisas.

- Como assim? - Ele peguntou mudando de assunto. Se ele quisesse ter uma chance... ele teria que dizer de verdade. Do fundo do coração.

- Gosta de mim como? Como uma aluna..amiga... ou algo mais ... sério?

Ele se virou para mim me olhando sériamente.

- Por que a pergunta? - Ele não ia dizer. Filho da Puta!

Sem escolha saí do quarto quase chorando de raiva. Entrei na biblioteca e me escondi entre as estantes. Eu não queria ficar sozinha. Johnny não ficaria. Ele tinha a sua familia, amigos. Ele iria me esquecer. Eu queria. Mas eu não tinha mais familia ,amigos. Tudo que eu tinha era Miah e Sebastian. Uma ceifadora que foi traída e não passou de ano e um ceifador filho da puta que não gostava de demonstrar seus sentimentos. Ótimo Anita. O único cara disponivel e que não está tentando te matar é um orgulhoso.

Deixei as lágrimas cairem sem ter vergonha por ser provavelmente a ceifadora mais burra, chorona e sem graça que existia. Mas o fato de uma pessoa do nada perceber que está mais sozinha do que era, acabava com ela.

Tudo que eu queria era saber como e o que fazer. Mas não sabia.... e para ajudar Sebastian tinha me seguido e entrado na biblioteca. Sabia disso pois ele abriu a porta com força e a fechou com uma batida e não sabia como.. ele foi direto para a prateleira que eu estava. Que por irônia do destino era de livros dramaticos.

- Por que está chorando? - Ele disse como se estivesse bravo.

- Por que eu sou uma idiota. - disse - E por que você também é um idiota.

- Está brava por que não respondi sua pergunta? - perguntou se sentando em minha frente. Ele não sabe que mulheres não gostam que as vejam chorar e fiquem encarando elas?!

- Não. É por que você parece bravo com o fato de eu estar chorando.

- Eu ... não ... gosto de ver você chorando. - Disse por fim e com muita dificuldade.

- Por que

- Não sei o que fazer quando você chora.

Me calei por um momento , mas ele queria algo de mim. Podia ver em seus olhos que algo o estava encomodando, fora o fato de estar chorando.

- Responda por que choras. - Ordenou. - Está com saudades do John.? Ele perguntou falando o nome errado do Johnny. Ele não gostava dele. E o fato dele ficar bravo só de pensar que eu estava pensando em Johnny, demonstrava um caso quase crônico de ciumes.

- Só estou com saudades de tudo. Eu tinha poucas amigas e tinha pessoas na escola que faziam da minha vida um inferno. Mas nunca estava sozinha. Nunca dei o devido valor ao meu pai até ele morrer e também nunca me senti tão sozinha. ... As vezes me culpei por ter contado meus problemas para ele achando que tinha contribuido para sua morte e não contei meus problemas para minha mãe com medo dela cometer uma loucura com a morte de meu pai e de minhas reclamações. E agora nunca vou poder dizer à ela. Nunca mais vou ver minha amigas. Ninguém. Eu me sentia sozinha, mas não era nada comparado agora. Agora... eu não tenho mais nada, nem ninguém. - chorei novamente.

- Isso não é verdade.

- É sim! gritei. - Eu estou só, perdi todos e nunca vou tê -los.

Ele se aproximou e me abraçou. Uma atitude que me agradou um pouco. Vindo de um cara que não baixa a guarda isso era um progresso.

- Você tem a mim. Sempre terá. - disse carinhosamente e acabei o abraçando.
- Você não respondeu minha pergunta. - ele disse mudando de assunto. Ele fazia isso para me distrair, mas era um pouco irritante.

- Por que você é o único homem disponivel que eu durmo e não quero ficar sozinha para tia. Eu nem tenho tia mais.

Ele riu.

- Que bom. Já basta o John de concorrente .






 
 

Nenhum comentário

* . Comente aqui o que você achou da postagem , se gostar vire seguidor do blog. * sua presença é muito importante.