- Só pode estar brincando comigo, Sebastian! Gritei dentro da casa velha e agora quebrada moradia. Quando cai de cabeça novamente, não tive nem se quer tempo suficiente para gritar e quando a voz saíu durou apenas um segundo antes do meu corpo bater no telhado. Me sentia acuada, sem saída e sem apoio.
- Que eu saiba você que
tem que me apoiar e dar conselhos aqui!!!! Gritei.
Miah
explicou quando a conheci , que um mentor ensina técnicas e coisas que ele
aprendeu com o passar dos anos para seu aluno, ou seja, eu. E até
onde sei DIZEM que Sebastian está apaixonado por mim ou sente algum tipo de
sentimento forte o suficiente para ele me trazer para essa bosta. Dúvido muito
disso. Pois... ele não está ajudando.
Andei
em volta da casa para ver se conseguia ver alguém, mas estava só. A casa
era um sobrado velho cheio de rachaduras e moveis quebrados que cheiravam urina
de cachorro molhado. E um cheiro podre estava no ar e isso me fez acreditar que
tinha acontecido um assassinato e que havia um corpo escondido em algum lugar
em estado de decomposição.
- Você
deveria estar pensando em algum modo deles caírem numa armadilha, você está em
campo de estratégias. Enquanto você perde o seu tempo ... eles estão vindo. A
voz de Sebastian apareceu em minha cabeça, como se fosse minha conciência , o
que eu sabia que não era, por que minha voz mental não me causava vontade de estrangular
alguém.
- Onde você
estava garoto? Ele não respondeu para me irritar com certeza.
"
Pense em algo inteligente e faça, tenho certeza que consegue. Essa é a minha
ajuda, pois aqui você não pode colar nos testes. Não confie em ninguém,
preste atenção e nunca diga o que está pensando aos outros.
Voltarei a falar com você quando terminar o teste.... boa sorte. "
Só poderia
ter ouvido errado. Raiva me encheu e fiquei pasma com a merda da ajuda inutil
de Sebastian.
- Volte aqui!
Gritei , mas ele não voltou.
Olhei
a casa mais vezes do que deveria e fiquei dentro de um comodo na parte de cima
do sobrado, pois teria uma melhor visão do terreno e conseguiria ver
alguém vindo. Fiquei assim durante horas parada sem piscar e me senti orgulhosa
disso. Eu poderia entrar para um concurso de quem fica sem piscar por
mais tempo, mas isso não seria divertido uma vez que todas as pessoas a sua
volta estão mortos e não precisam piscar para umidecer seus olhos. Demorou
horas até conseguir ver uma cabeça de alguém. Uma cabeleira ruiva de um
garoto da minha idade apareceu no meu campo de visão, ele estava
segurando uma armadilha de urso e tentando escondê -la debaixo de folhas
mortas. Provavelmente uma armadilha para mim, mas tinha certeza que não era a
única por que estava facil demais. Por assim uma armadilha na minha cara como
se queresse mostrar que estava alí, facil acesso. Minha mãe sempre diz que
quando a esmola é muita o santo desconfia, então está aí a prova viva
disso. Um panacão querendo me fazer cair nessa.
Desci
as escadas e procurei uma arma para me defender e ao fazê-lo achei uma faca de
prata polida novinha escondida debaixo da pia e lembrei novamente de ter
pensado num assassinato que podia ter acontecido na casa e que a faca poderia
ser..... - desviei meus pensamentos e escondi a faca no meu bolso e deixei uma
mão enfiada lá para caso precise tirá - la rápido. Saí para fora, para a
armadilha que estava me esperando.
-
Gentinha sem criatividade!!!! gritei.
Ouve
sons de passos ocos em telhas e olhei para cima só para ver o cara ruivo pular
em minha direção . Fiquei esperando o golpe, mas ele não veio por que seu corpo
atravessou o meu.
-
Esse é seu plano malévolo? ri da desgraça do pobre ruivo. Seu rosto teve
uma mistura de raiva e confusão, ele fechou seus punhos e tentou acertar meu
rosto. Fechei meus olhos pronta para dor e... nada.
-
você sabe pelo menos o que está tentando fazer? perguntei.
Ele
fez algo que nunca pensei que alguém faria á mim. Ele me olhou com medo e
desapareceu numa nuvem de vapor. De todas as caras e bocas que imaginei
receber, nenhuma delas era medo, principalmente, quando eu não havia
feito nada para isso acontecer" maluco " pensei " maluco
aloprado, idiota ".
Voltei
para casa e dei de cara com um homem loiro, alto de cabelos longos.
-
Melhor fugir por que as pessoas fogem de pessoas loucas e sou uma delas.
Ele
não respondeu minhas gracinhas, nem ao menos olhou para mim. Mais depois de um
tempo olhando para o nada ele finalmente olhou para mim e me olhou com horror.
Serio! eu não sabia o que estava fazendo para todos ficarem assim!
talvez estivesse melhor viva, mas morta?! não tinha muita diferença
de estar vivo, a não ser o fato de estar separado das pessoas que amo.
-
Qual é o problema de vocês? Eu sei que feia pelo menos eu não sou!
gritei sem paciencia.
me
olhou confuso.
-
O que ... você faz aqui? perguntou me fazendo querer saber se ele estava
perdido... ou que achava que era eu a perdida. Coloquei minhas mãos na cintura
e disse :
-
Hora, estou estudando... ou sei lá, para ser uma ceifadora ! e você?
- Sou
seu guardião,.... seu anjo da guarda, você não deveria estar aqui.
ele disse quase com raiva. - Você não pode.... tem que estar morta para ser uma
ceifadora! ele gritou e toda a calma e confusão tinha ido para cucuias.
- Eu estou
morta droga! foi ele que disse! -gritei... na verdade nós dois não
estavamos sabendo ou tinhamos perdido alguma parte que agora ninguém sabia o
que era. ninguém falava coisa com coisa ou entendia algo.
- Quem
disse isso?! gritou de volta.
- Foi o
Seb....
Finalmente
ia dizer alguma coisa e alguém vinha me atrapalhar!!! A casa começou a
desmoronar e tivemos que sair correndo para fora antes que o teto nos esmagasse
e o assunto morreu. E eu queria saber POR QUE!!!! nunca consigo terminar
minhas conversas sem ser interrompida. O universo talvez estivesse contra mim.
Uma
bola de luz explodiu cegando meus olhos e quando tudo voltou ao normal
estavamos a sós e a casa tinha desaparecido.
- Você vem comigo,
agora! Ele gritou. Eu não sei no que ele estava pensando mais eu
não ia de jeito nenhum com ele, já tinha muita coisa maluca na minha vida para
acrescentar mais coisas. Então peguei e dei meia volta e saí andando.
- Eu não
quero ir, já tem muita coisa estranha acontecendo e quero decidir sozinha meu
caminho, eu ... não quero mais ninguém tomando decisões por mim. Tudo bem?!
Ele colocou
sua mão no bolso e tirou um colar com um pingente com uma gema amarela que
parecia um pedaço do sol. Ele me deu.
- Sou Rafael. Não
vou te obrigar a nada, só peço que use o colar. Ele vai deixar você parecida
com os outros, mas tome cuidado. Ser igual a eles pode doer.
Olhei
duvidosa para ele.
- Igual a quem?
Ele sorriu e disse
- Aos mortos. E desapareceu me
deixando sozinha novamente e por algum motivo do além eu sábia.... que tudo
podia ficar cada vez mais pior e confuso. Coloquei o colar e o escondi debaixo
da minha blusa, não tinha necessidade de contar a Sebastian o que tinha
acontecido pois havia algo estranho ali. Sombras tentaram me matar,
ceifadores , Miah dizendo que ninguém vê sombras antes de sua morte....
tudo estava errado e precisava descobrir o quê. Claro, se o universo me
deixasse terminar minhas frases!
Andei
pelo matagal e pensei no filme jogos mortais e em como fazer uma armadilha.
Pois para sair dali eu teria que fazer uma certa quantidade de alunos caírem em
minhas garras. A única coisa que me atrapalhava era o fato de não saber como eu
ia fazer isso.
Envolvi o pingente de
sol em minha mão e o apertei como se ele fosse me dar sorte - Que deus me
ajude! Sussurrei. Toquei meu outro colar, o que meu pai tinha comprado
para mim. - Me ajude papai, eu vou precisar.
E saí pegar umas
folhas e algo para que me servisse para cavar algum buraco.


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