Levou uma fração de tempo para poder
enxergar em meio a fumaça e cinzas daquelas coisas, mas assim que foi limpando
o ambiente, minha mente também ficava mais clara.
Embora meu corpo se recusasse a se
distanciar de Jason, eu precisava faze-lo com urgência e lentamente fui me
separando de seu aperto. Minhas mãos tremiam e evitei de chorar como uma
garotinha, mesmo a vontade quase me tomando por inteiro. Ele havia feito um trato
com Carlos e ambos sabiam o que estava em jogo, minha vida. Como se minha vida não pertencesse a mim.
Dei meia volta para sair dali antes de demonstrar minha fraqueza e sai
andando, mas não antes de Jason tentar me impedir.
— Espere. Você não está
segura aqui. — Disse como se eu não tivesse percebido.
Eu ri daquilo não por que era divertido, mas por que estava com raiva
dele. Ele chegou do nada e havia conquistado minha confiança. Havia me feito
gostar dele, para depois amedrontar minhas noites junto com seus coleguinhas
bizarros.
— Aqui? Com você? — Perguntei.
— Me poupe. Como se você se preocupasse muito com meu bem-estar.
Ele
piscou uma, duas vezes antes de me responder.
— Eu contei para você, e você
parecia ter aceito.
Eu o olhei acusadoramente de cima a baixo.
— Pois é, não?! Até por
que não me incomodava se fosse um duende, uma fada, um lobisomem ou vampiro. —
Disse gritando com ele. — Você pensa que sou idiota? Me conquistando e fazendo
acordos pelas minhas costas, como se eu fosse uma qualquer. Como se minha vida
não valesse nada. Ainda mais fazendo um acordo com Carlos, de todas as pessoas.
O cara em que menos confio e que me irrita e enoja profundamente. Serio isso
Jason.
Eu podia não ser Expert no assunto homens,
mas sabia muito bem identificar quando um estava puto da vida, principalmente
por ser descoberto.
Ele me encarou com seus olhos agora, da cor
naturais ou aparentemente normal para humanos.
— Fiz isso para proteger você.
E eu simplesmente, dei as costas e disse em
bom tom.
— Foda-se. Eu me viro
sozinha. Antes só do que mal acompanhada. Obrigada.
Quando cruzei os corredores e entrei no ginásio
em meio a festa, avistei Carlos. Ele olhava desconfiado para os lados, com
certeza para ver se seus planos haviam sido consumados. Lentamente me aproximei
dele e quando ele menos esperava , dei uns dos meus melhores socos em seu
nariz. A sensação foi de algo se desfazendo na minha mão e não admirei caso
tivesse quebrado seu nariz, ele merecia. Carlos parecia tão surpreso em me ver
que levou uns segundos para seu nariz lembra-lo de quem o havia feito. No começo
foi raiva, depois Carlos parecia levemente assustado. Atrás de mim milhares de
olhos sobre minhas costas. Foi quando me virei para encarar a todos, me
encarando com os mesmos olhos de quem havia sido hipnotizados de volta. Como se
todos houvessem ensaiado uma cena de filme de terror.
— Caralho. — Disse antes
de dar mais um soco, dessa vez no estomago de Carlos. — Filho da puta, olha só
o que sua burrice fez.
Ao invés dele parecer bravo, ele parecia
satisfeito com sigo mesmo.
— Burro? Não querida, sou
muito esperto. Você pode espancar a vontade.
Há várias aberrações aí fora louco
por sangue de uma virgem por aí. E essa é você. A presa perfeita.
Agarrei minha faca de
caça novamente sabendo que estava lascada até o pescoço literalmente e agora
sem ajuda nenhuma.
Os corpos dos estudantes começaram a abrir
caminho para alguém, alguma coisa e não demorou muito para ele sair. Ou
pior...Eles.
Três homens para ser exata. Um a
cara do outro, só se diferenciavam pelas roupas e pela cor dos olhos, verde,
roxo, branco. Tão brilhantes como se pudessem se iluminar na noite mais escura.
Todos altos, magros com braços longos e sorrisos arrogantes.
— Olhem.
Primeira vez que fazemos algo por um lanche tão bom.
Eu queria chutar o traseiro deles. Quase podia sentir como se realmente
pudesse... Daí que lembrei que a faca não era totalmente inútil e parecia
incomodar a eles o bastante para faze-los gritar.
O primeiro de olhos verdes
cintilantes se aproximou e acariciou meu rosto.
— Essa parece diferente não?!
— Disse encarando me nos olhos. — Olha só o cheiro... — Inalou meu cheiro
lentamente como se eu fosse uma daquelas costelas assadas pronta para ser
devorada.
Ele abriu seus lábios
ligeiramente e puxou meu cabelo com força para trás para deixar meu pescoço a
mostra. Quando se aproximou eu o apunhalei com força e derramei minhas lagrimas
que estava segurando há algum tempo.
Eu nunca machuquei ninguém...
Nunca... Nem mesmo o Ed.
Ele encarou seus irmãos assombrado antes de
sua pele ficar mais pálida que o possível num tom acinzentado e seus olhos se
tornarem brancos como a de um morto. A ação
foi rápida. Ele caiu no chão depois enquanto seus irmão me encaravam surpresos
e logo ele se explodiu em milhões de partículas de pó.
— O que você fez? — Disse
o de olhos roxo.
Eles mudaram para posição
de ataque e Carlos riu atrás de mim enquanto se encaminhava de costas para a saída.
Filho da puta.
— Bem. Acho que é minha
deixa... — Disse ele antes de partir.
Antes que os dois irmão partissem para cima
de mim, a porta do ginásio foi arremessada contra eles e Jason apareceu com
suas roupas todas rasgadas como se tivesse saído de uma guerra contra espadas. Ele
estava sujo de sangue, mas seu corpo não parecia ter sofrido nenhum dano, então
provavelmente o sangue não era dele.
Um por um, os adolescentes acordaram e
começaram a correr para a saída, gritando se espremendo e pisando uns nos
outros. Ao longe ouvi uma voz forte como uma tempestade.
— Fuja! — Ele gritou. E o
fiz. De um jeito não tão eficiente.
Para evitar ser pisoteada
pelos estudantes, corri para o outro lado, onde teria que passar por uns pares
de corredores antes de encontrar a saída de emergência. Claro. Que não estava
sozinha. Jason estava cuidando de uns dos irmão, enquanto o outro estava em meu
encalço. Ele não estava na velocidade sobrenatural, mas isso devia ser pelo
fato dele estar com uma ferida enorme na perna, muito parecida com a de algum
animal.
Corri deslizando pelos corredores de salto
alto, até que ele cedeu e acabei caindo enquanto corria cruzando o corredor da
diretoria. Ele me agarrou assim que cai no chão e se jogou sobre mim tentando
me morder. No processo acabou rasgando meu colete e arranhando meu braço
profundamente com suas unhas afiadas. Ele tentou me morder novamente enquanto
segurava meu braço diante de seu corpo e o chutei para dar espaço, infelizmente
fiz isso com a perna que estava doendo e uivei de dor.
Ele sorriu satisfeito
por ter me causado alguma dor.
Ele me puxou pela perna e ela deu um estralo
me fazendo realmente gritar a todos os pulmões.
Eu nunca tinha quebrado um osso, mas se tivesse
... a dor seria a mesma que estava sentindo agora. E chorei de dor. Ao longe
dava para se ouvir barulho de coisas se quebrando e imaginei que o outro irmão
deveria ser bom lutador, pois se não... Jason já estaria ali fazendo picadinho
do outro.
— Não parece tão forte e segura agora. — Disse ele satisfeito, exibindo suas presas
para mim.
Eu o encarei e tentei sair de perto dele
engatinhando pelo chão. Quando ele me agarrou por trás e me levantou de lá. Achei
uma brecha no peito dele quando ele me levantou. Se eu golpeasse seu peito
passando minha faca de caça entre o espaço livre de meu braço... E foi
exatamente o que fiz. Não acertei o coração, mas foi o bastante para ambos
cairmos no chão e uivarmos de dor.
— Maldita! — Gritou com uma voz demoníaca. Ele tentou
remover a faca, mas o cabo queimou seus dedos. Não perdi a chance e girei o
cabo com minhas próprias mãos e ele parou de se mexer. Não estava morto, mais
talvez estivesse desacordado pela dor. Quando tirei o ataquei com fúria o esfaqueando
enquanto minha perna me fazia querer morrer de dor.
Logo seu destino foi o
mesmo de seu irmão.
Quando Jason me encontrou eu estava lastimável.
Jogada num canto, machucada e com a perna quebrada uivando de dor.
Ele parecia preocupado.
— Essa noite parece que não...acaba...nunca.
— Disse com a voz entrecortada.
Para minha não alegria,
Jason me respondeu.
— Deve ter mais lá fora.
Uivei novamente perdendo
as esperanças.
— Carlos deve ter feito vários
tratos, quem conseguisse primeiro o transformava.
Carlos queria ser jovem para sempre? Se eu não
estivesse machucada o bastante teria rido daquilo. Ele sempre tinha sido metido
e arrogante, só pensava em si próprio, mas chegar a procurar forças
misteriosas....não sabia dizer se ele era esperto ou burro demais.
— Todo esse... trabalho...
por causa de sangue. Meio... ridículo isso. — Arfei.
Jason me encarou pensando no que faria.
— Não posso deixar você assim.
— Antes que eu pudesse pedir que ele deixasse que não teria problemas ele mesmo
furou seu pulso com suas presas. Sugando seu próprio sangue e me obrigou a
beber de sua própria boca. O gosto era forte e grosso e passou queimando em minha
garganta. Nojento no mínimo.
O efeito colateral não era o que eu estava
esperando. Minha perna começou a latejar e consegui ouvir um estralo novamente
e a dor havia passado dando espaço a espasmos musculares e uma onda quente se
apoderava de meu corpo. Meus ossos e minhas dores estavam curados, mas Jason
ainda não havia tirado a boca da minha. Mesmo quando gemi dentro dela por causa
dos espasmos e espremi minhas pernas para tentar controlar, mas só havia
piorado a situação. Não havia tido um orgasmo na vida e vem um vampiro e me faz
ter um naquela situação.
— Isso foi o que eu estou
pensando? — Perguntei assustada e surpresa. Jason limpou sua boca suja de sangue e deu um
meio sorriso.
— Sem dúvida.
Ele me ajudou a me levantar e para meu
milagre, não havia mais vampiros para mim naquela noite. Não por que não tinham
mais caçadores para mim, mas por que já estava amanhecendo e eu teria que lidar
com o fato que logo a noite chegaria outra vez.
Jason me deixou em casa e não insistiu
quando quis ficar sozinha. Pois sabia que eu estaria segura na luz do dia, mas
quando a noite chegasse eu precisava estar preparada para qualquer coisa.
Quando entrei minha mãe e Jerry estavam na
cozinha me esperando. Eu estava acabada, suja e cansada. Eles me encararam por
um tempo antes de minha mãe perguntar.
— Onde está o Ed? — E lá
estavam meus problemas batendo em minha porta.


Nenhum comentário
* . Comente aqui o que você achou da postagem , se gostar vire seguidor do blog. * sua presença é muito importante.