13 Capítulo:
Mila encarou as estrelas e sentiu o vento em
seus cabelos, a brisa e o cheiro de mato e terra úmida pelo orvalho invadiam
suas narinas. Se não fosse pela dor pulsante, ela quase poderia imaginar que
seu corpo flutuava para além das estrelas, viajando por aí. Porém, a dor fazia
sua alma ficar presa ao corpo. Seus pulsos doíam por causa das amarras e seus
gemidos saiam abafados por causa da mordaça. Ela podia sentir seu corpo tentar
se curar, mas ele não estava se curando tão rapidamente, somente
o suficiente
para ela sentir as pinicadas que sua testa dava quando sua pele começava a se
juntar novamente sem precisar de pontos.
Os homens à sua volta percebiam cada
movimento de seu corpo para a sua cura e isso os faziam blasfemar o nome dela e
dizer em vão o nome do senhor várias vezes. Ela queria gritar para que calassem
a boca, pois seus ouvidos estavam muito sensíveis por causa da lua de sangue,
mas achou melhor ficar quieta pois ela estava em desvantagens. Já que um
lobisomem provavelmente não se cura de uma bala na cabeça, pensou ela
miseravelmente. Embora ela não poderia ser considerada totalmente uma Lycan.
A picape estacionou em algum lugar
deserto e Mila só conseguiu identificar o lugar quando eles ergueram seu corpo
magro sobre seus ombros e a arrastaram para um celeiro abandonado. O celeiro de
seu avô falecido. Onde Mila só recordava boas lembranças de quando era criança
e brincava com suas duas primas antes de começar a adoecer e viver em médicos e
hospitais escolhidos por sua família. Aquele lugar especial agora daria a ela
novas lembranças, não tão boas e mais provável que aterrorizantes. Pelo cheiro
que os homens exalavam, eles não iam ter um papo com ela.
Mila deu um suspiro pesado quando a
jogaram no chão e amarraram seus pés a grilhões e pesos para que ela não conseguisse
fugir. Pois mais forte que um Lycan pudesse seu, nem mesmo ela poderia sair
daquelas correntes.
Os homens desapareceram de sua frente e
montaram guarda do lado de fora caso um grupo de lobisomens raivosos cruzassem
sua linha de visão, assim, eles poderiam usufruir de suas novas armas com balas
de prata. Para o bem de Lucius, ela pensou, esperava que ele tivesse um bom
plano, embora duvidasse muito que ele conseguisse bolar algum no calor do momento.
Não a fizeram esperar demais. Não demorou
nem ao menos dois minutos para que os pais de Mila invadissem o local com seus
corpos e uma mala que pelo cheiro e o barulho, ela tinha certeza que tinha algo
especial para ela lá dentro. E ela estava certa.
Sua mãe se aproximou a encarando com
angustia nos olhos e retirou sua mordaça para uma última conversa entre mãe e
filha.
— Tudo bem queria. — Vamos
te libertar do que está dentro de seu corpo.
Ela queria rir, mas
parecia insano no momento.
— Não tem nada aqui dentro
além de mim mãe. — Disse ela e sua mãe parecia não ouvir.
— O demônio és mentiroso.
A raiva e o medo de Mila aumentavam a cada
segundo. Ela sabia que sua mãe era uma fanática religiosa e que isso havia
aumentado consideravelmente quando as criaturas sobrenaturais saíram de seus
buracos, mas nunca havia passado pela sua cabeça que ela seria torturada por
seus próprios pais.
— Larga de ser uma fanática
religiosa mãe. Sou eu porra! — Ela gritou desesperada enquanto suas lagrimas
corriam por seu rosto.
Seu pai a observava com pena em seus olhos,
mas o resto de seu corpo demonstrava outra coisa. O sentimento de medo dentro
dela aumento quando seu pai abriu a mala e retirou um pé de cabra de prata,
grosso o suficiente que se dado com a força certa, poderia quebrar os ossos de alguém,
no caso, dela.
— Pai, por favor.... Sou
eu. — Mas nenhum deles ligava para o que ela dizia.
Ele a encarou olhando no
fundo de seus olhos e ela sabia que não ia sair dali viva quando ouviu as
palavras de seu pai.
— Eu vou libertar minha
garotinha de você. — E em seguida, golpeou a perna esquerda de Mila, acertando
em cheio seu joelho. A dor pulsante mandou avisos a cada célula de seu corpo e
seus olhos brilharam em resposta. Você vai morrer, você tem que lutar. Sua
parte lobo gritava, pois queria sobreviver, mas Mila não tinha força suficiente
e seu corpo não se curava tão rápido para que ela lutasse e mesmo se tivesse,
ela não queria machucar seus pais. Eles estavam doentes. Eles precisavam de
ajuda.
Cada milímetro do seu corpo clamava por
ajuda.
Mila uivou de dor e seu horror foi maior
quando viu seu joelho deslocado para outro ângulo, sangue brotava onde o pé de
cabra pegou em cheio.
— Vocês estão loucos! —
Ela gritou e um dos homens resmungou do lado de fora.
— Ah cala a boca foda de
lobo! — Gritou ele e o outro homem riu.
Ela queria pensar claramente, raciocinar e
pensar que tudo aquilo era apenas uma loucura. Que eles não eram maus, que
apenas estavam fazendo isso por que pensavam que ela, não era ela mesma, mas
sua esperança ia acabando a cada surra e grito de dor que ela dava. A cada
minuto que passava e Lucius ou ninguém vinha a seu socorro. Logo tudo que havia
nela era dor, sangue e o sentimento que ela morreria ali sozinha como se não
fosse ninguém e tudo que ela havia feito de errado havia sido se apaixonar por
um lobisomem.
*******
O corpo de Lucas doía naquela cela apertada.
Seu corpo estava louco para se libertar, mas ele conhecia os riscos de revelar
sua raça ao mundo caso ele decidisse ou se empenhasse demais em sair. Seu corpo
nu transpirava e tremia por causa de sua tentativa de controlar seu corpo, mas
tudo foi para água abaixo quando ouviu os uivos de Lucius e sua voz gritando
numa língua antiga.
— Levaram-na! Me liberte
daqui Lucas! Nos tire! — O corpo de Lucas começou a sofrer a mudança a mando de
seu mestre, mas só terminou quando Lucius gritou — Eu ordeno que saia!. — Que
as escamas pesadas como chumbo e suas enormes asas brotaram de seu corpo. Lucas
se transformou, e seu corpo levou aquela jaula que era para ser sua prisão á
cinzas e prata derretida. Seu corpo varreu aquela parte do complexo, levando
grades e paredes com ele, libertando lobos e um líder em fúria que correu noite
a fora a procura de sua esposa, não ligando se haveria alguém para puni-los
depois ou não. Qualquer coisa que tentasse para-los seria aniquilada sem pena
ou piedade.
Isso fez o corpo gigantesco de Lucas girar
aos céus em fúria e chamas, gritando. Fazendo prédios inteiros tremer com sua
força e ódio. Ele odiava humanos, ele se lembrou. Ele odiava a todos, não
importava quantos anos ou milênios passassem, sempre seriam os mesmos. Tentando
dar a morte verdadeira para as criaturas sobrenaturais e fazendo suas pobres
mulheres sofrerem em suas mãos. Ele se lembrava de cada momento...quando
pegaram sua doce esposa, a única pessoa boa que ele havia conhecido no mundo.
Que havia aceitado sua forma, seus defeitos e tentado o proteger deles... Mas
tudo acabou em chamas quando tentaram queimar aos dois e Lucas não pode fazer
nada para impedir por causa do sol. Seus olhos ardiam só de lembrar da bola de
fogo em seus olhos e seu corpo em chamas. Quando ele acordou, ele estava
sozinho e Lucius estava cuidando dele enquanto guardava o corpo da esposa morta
de Lucas.
Lucas gritou novamente de ódio. Chamando
raios, trovões e a pior tempestade que a cidade poderia ter em milênios. Ele só
seguraria a chuva por tempo suficiente para que Lucius pudesse farejar e salvar
sua esposa com a escolta de um dragão milenar.
********
Trovões e relâmpagos enchiam o céu enquanto
Lucius e sua matilha corriam contra o tempo para encontrar Mila. Eles queriam
sangue, ossos e carne em seus dentes, queriam reduzir seus inimigos ao pó e a
nada. Queriam ver o horror e o medo em seus olhos quando vissem suas presas e a
morte certa em seus olhos.
Eles correram e uivaram para que as
criaturas a solta os ouvissem e saíssem de seu caminho, os que não fizeram
acabaram se juntando na caçada, tudo por uma boca livre com a desculpa de
legitima defesa. Pegaram nossas mulheres, teremos nossa vingança, mesmo sabendo
que era somente uma mulher, e era dele. Somente dele.
Quando chegaram numa fazenda antiga tentaram bombardeá-los
com balas de pratas e armadilhas, nada que um dragão enorme e uma grande
quantidade de fogo não pudesse tirá-los do caminho. Lucas havia acertado aos
guardas do portão com sua força. Vampiros, shifters e lobisomens fizeram a sua
festa com os restantes e Lucius se encaminhou direto para o celeiro. Quando
arrombou a porta com seu corpo foi surpreendido com um tiro de bala de prata em
seu ombro e ele urrou de dor. Mila ouvindo o grito de seu amado abriu os olhos
para ver o inferno na terra. Fogo, gritos e sangue corriam solto do lado de
fora e seu amado ferido.
Mal dava para saber qual parte do corpo de
Mila estava sem machucados. Ela estava coberta de sangue, hematomas e
perfurações em todas as partes do corpo. O que não estava machucado, estava
quebrado ou estava no lugar que não era para estar. Lucius encarou a cena com
horror em seus olhos. A sua humana frágil e gentil estava em pedaços diante
dele. Tudo por que ele não havia tido forças para sair de uma jaula a tempo.
Mila o encarou e seus olhos brilharam em
reação a Lucius estar perto dela. Dele ter realmente vindo a seu socorro.
Lucius não deixou se
abater e correu com força sobrenatural e abateu os pais de Mila como se fossem
bonecos. Eles não esperavam a reação e a força de Lucius. Ele não cairia
somente com uma bala de prata, nem mesmo se tivessem o acertado no meio dos
olhos. Ele tinha mil anos, Mil anos de guerra e lutas que o tornaram forte. Um
guerreiro de mil anos não seria abatido por esse tido de arma humana e por
humanos que nem sequer sabem se defender com as próprias mãos. Que somente
sabem atacar mulheres indefesas e de bom coração.
Lucius aproveitou cada pedaço e cada cota de
sangue e carne que ele dispunha. Ele lambeu cada ferida de Mila e a carregou
para longe daquele inferno. Um dos vampiros ofereceu seu sangue para curar
Mila, mas ele recusou dizendo que ela já estava se curando e agradeceu o colega
pela ajuda antes dele voltar para a garganta de um dos guardas.
No meio do caminho para casa Mila começou a
cicatrizar e suas partes a voltar para onde deviam. Mila gritou por todo o
caminho de dor até que seu corpo estivesse totalmente curado. Quando terminou
ela estava tão exausta que desmaiou nos braços de Lucius, e certo como o
inferno que ela não lembraria do que havia acontecido.
Quando amanheceu Lucius tinha duas coisas a
mais para se preocupar. Já havia amanhecido e Lucas não havia voltado e todos
os jornais filmaram uma trilha de criaturas sobrenaturais atacando uma
fazenda...
AMANDO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirAmei, amei o conto. Por favor continue, estou muito curiosa para ver o que vai acontecer.
ResponderExcluirAmei!!!! Quero ++++++++
ResponderExcluirCaramba está maravilhoso!!!!!!!!!!!!!!!amando cada capítulo, sensacional
ResponderExcluirOi Kathy!
ResponderExcluirAdoro contos com lobos e amei sua escrita, vou voltar nos capítulos anteriores. :3
beijos ♥
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